sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Previsões para PIB já indicam alta de no máximo 2% em 2012 (Postado por Lucas Pinheiro)

“A economia já está em trajetória de crescimento maior do que do ano passado". A frase, do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é de março deste ano, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado da economia em 2011 – uma expansão de 2,7%. O governo projetava então um crescimento de até 4,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2012.

Seis meses depois, governo e mercado já mostram que esse crescimento não deve ocorrer. A previsão mais otimista, do Ministério da Fazenda, é de menos da metade da que se via antes: 2%. O Banco Central, que vinha prevendo uma alta de 2,5%, reduziu nesta quinta-feira sua previsão para 1,6%. Já o mercado e as agências de risco veem uma alta ainda mais tímida, de cerca de 1,5%.

“Partia-se de uma hipótese que não era realista de que a economia iria crescer mais”, avalia o Reginaldo Nogueira, do Ibmec-MG, sobre a previsão original do governo sobre o PIB de 2012. “O segundo semestre de 2011 foi muito ruim e havia expectativa de que esse ano fosse melhor. O mercado rapidamente ajustou [as expectativas] para baixo. Mas a Fazenda manteve muito alta”. “Trabalhava-se com esperança de uma recuperação que não se concretizou”, afirma.

Oficialmente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma alta de 2,5% no PIB brasileiro este ano. Mas espera-se que essa expectativa seja revisada para baixo no próximo relatório do fundo, que será divulgado em outubro – na semana passada, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que a previsão para o PIB mundial será reduzida e que as economias emergentes não estão mais à margem da crise econômica mundial.

Qualquer que seja, entre essas, a previsão correta, será o pior resultado para o PIB desde 2009, quando o país teve recessão e se contraiu em 0,3%. À exceção daquele ano, em que a economia foi fortemente afetada pela crise financeira mundial, o resultado de 2012 deverá ser o pior desde 2003, quando a expansão econômica foi de 1,1%.

 Medidas
Os cortes nas previsões para o PIB ocorreram apesar das várias medidas de estímulo à economia adotadas neste ano pelo governo federal, como a redução do IPI para a linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e para os automóveis.

Foram muitas as medidas para tentar aquecer a economia: o governo também reduziu o IOF para empréstimos tomados pelas pessoas físicas, deu prosseguimento às desonerações da folha de pagamentos, liberou mais de R$ 70 bilhões em depósitos compulsórios para os bancos e vem reduzindo a taxa básica de juros desde agosto do ano passado. Atualmente, os juros estão em 7,5% ao ano – os menores da história.

O governo também anunciou em 2012 a liberação de R$ 20 bilhões em crédito para os estados e um programa governamental de compras de R$ 8,4 bilhões. Mais recentemente, foram anunciados um plano de concessões que prevê investimentos de R$ 133 bilhões em infraestrutura, e a redução do custo das contas de luz a partir de 2013.

Incentivo ao consumo
Nogueira, do Ibmec, avalia que o governo se equivocou no princípio, ao diagnosticar que o problema brasileiro era de demanda. Esse diagnóstico, diz ele, “ocasionou uma política de incentivo ao consumo, que foi um erro”. O economista aponta que o governo tentou, este ano, repetir a mesma “receita” que deu certo em 2009, no auge da crise financeira mundial.

“O governo até tentou se antecipar [à crise atual], estimulando a demanda, como em 2009. O problema é que a situação de endividamento era diferente de agora. Você já emprestou dinheiro lá atrás, as pessoas nem pagaram ainda. A economia não tem como responder sempre a esses estímulos do mesmo jeito. Essa crise não é tão severa como em 2009, mas o governo não soube responder, tentou repetir a receita”, diz ele.

Na avaliação da agência de classificação de risco Fitch, o crescimento econômico brasileiro está sendo contido pelo fraco desempenho do setor industrial, afetado pela menor demanda externa – e o país não pode mais contar apenas com os incentivos ao consumo interno.

“O crescimento do consumo privado tem sido mais resistente aos choques graças ao crescimento da renda, ao baixo desemprego e ao bom nível de confiança do consumidor”, diz a entidade. “No entanto, o dinamismo da economia foi afetado pelo alto endividamento das famílias e pela menor disposição dos bancos a emprestar aos consumidores”.

A agência destaca, no entanto, que o governo vem trocando seu foco em direção a medidas para melhorar a competitividade do país. “Progressos nessa frente podem incentivar o crescimento econômico com o tempo”, aponta.

Em seu relatório de conjuntura, divulgado nesta quinta-feira (27), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que o governo foi bem sucedido nas medidas tomadas para aumentar o consumo, mas não houve impulso aos investimentos na produção, o que faz com que o PIB ainda dependa muito do consumo das famílias. Segundo a CNI, as medidas voltadas à produção, como desoneração da folha de pagamentos e redução no custo da energia elétrica terão "efeitos concretos" apenas no próximo ano.

“Vamos precisar de pacotes de desoneração que estimulem a produção, a oferta”, diz Reginaldo. “Tem que investir em infraestrutura, melhorar a questão tributária, o ambiente regulatório”.

“O Brasil ficou viciado em um crescimento baseado em estímulo ao consumo doméstico e demanda externa por commodities com preços muito altos. Esse mundo ele não existe agora e não vai voltar tão cedo”, diz o professor.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

'Prévia do PIB' inicia 2º semestre com alta, mas desacelera em julho (Postado por Lucas Pinheiro)

 O nível de atividade econômica do país iniciou o segundo semestre deste ano em alta, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (14) pelo Banco Central.

Em julho, o Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br, que busca antecipar o resultado do PIB, somou 142,25 pontos, com crescimento de 0,42% contra junho deste ano (141,66 pontos), segundo informou a autoridade monetária.

 Apesar do crescimento, houve desaceleração, visto que, de maio para junho, a expansão registrada foi de 0,61%. Segundo o Banco Central, o aumento do IBC-Br, em julho, foi o quarto consecutivo. A última vez que o indicador havia registrado queda foi de fevereiro para março deste ano.

Nos sete primeiros meses deste ano, na comparação com igual período de 2011, foi registrada uma elevação de 1,08%, segundo dados da autoridade monetária. Neste caso, a comparação foi feita sem ajuste sazonal – considerada mais apropriada por economistas.

Previsões
O IBC-Br foi divulgado um dia após o Ministério da Fazenda confirmar a redução da sua estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano de 3% para 2%.

Se confirmada, será a menor taxa de expansão desde 2009, quando o país registrou retração de 0,3%. Em 2010 e 2011, respectivamente, a economia cresceu 7,5% e 2,7%.

O corte na previsão de crescimento do PIB deste ano acontece em meio aos efeitos da crise financeira internacional, que tem impactado todas as economias do planeta.

O BC, até o momento, prevê uma taxa de expansão de 2,5% para o PIB neste ano, mas pode rever este número no fim deste mês, quando será divulgado o relatório de inflação do terceiro trimestre. Ao mesmo tempo, o mercado financeiro estima um crescimento menor: de 1,6%.

Medidas de estímulo
O PIB tem demorado para reagir neste ano apesar de uma série de medidas de estímulo à economia adotadas neste ano pelo governo federal, como a redução do IPI para a linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e para os automóveis.

Além disso, também reduziu o IOF para empréstimos tomados pelas pessoas físicas, deu prosseguimento às desonerações da folha de pagamentos, liberou mais de R$ 60 bilhões em depósitos compulsórios para os bancos e vem reduzindo a taxa básica de juros desde agosto do ano passado. Atualmente, os juros estão em 7,5% ao ano - os menores da história.

O governo também anunciou em 2012 a liberação de R$ 20 bilhões em crédito para os estados e um programa governamental de compras de R$ 8,4 bilhões. Ao contrário do ocorrido na primeira etapa da crise financeira, em 2008 e 2009, entretanto, desta vez o governo não reduziu a meta de superávit primário (recursos destinados ao pagamento dos juros da dívida pública).

IBC-Br
Antes divulgado por estados, e por regiões, desde o início do ano passado o indicador passou a ser calculado com abrangência nacional. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além dos impostos.

"A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores da economia acrescida dos impostos sobre produtos, que são estimados a partir da evolução da oferta total (produção mais importações)", explicou o Banco Central.

Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros da economia brasileira. Com crescimento menor, por exemplo, teoricamente há menos pressões inflacionárias. Atualmente, os juros básicos estão em 7,5% ao ano (a menor taxa da história).

Os juros estão caindo desde agosto do ano passado para estimular o nível de atividade econômica, em meio aos efeitos da crise financeira internacional. A previsão do mercado financeiro é de que a taxa básica recue para 7,25% ao ano em outubro - patamar no qual terminaria 2012.

Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Mercado reduz projeção do PIB para 1,64% em 2012 (Postado por Lucas Pinheiro)

 O mercado financeiro aumentou pela oitava vez seguida a projeção para a inflação neste ano, para 5,20%, ante 5,19% na semana anterior, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira (3).

Nesta semana, também foi reduzida a perspectiva para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 1,64%, ante 1,73% anteriormente. Para 2013, a projeção do PIB foi mantida em 4% de crescimento. Na sexta-feira (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB cresceu 0,4% no segundo trimestre deste ano.

A projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) afasta-se da projeção do centro da meta oficial do Banco Central, que é de 4,50%. A perspectiva no Focus relativa ao próximo ano foi elevada para 5,51%, ante 5,50% na semana anterior.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, acelerou o passo em agosto para uma alta de 0,39%, ante avanço de 0,33% em julho, um pouco acima do esperado pelo mercado.

Apesar disso, o BC tem reiterado que, mesmo com maior pressão inflacionária, o crescimento econômico vai ocorrer com os preços sob controle.

A pesquisa Focus desta segunda-feira indicou também que o mercado manteve a previsão de que o dólar encerrará este ano a R$ 2.

Selic
O mercado manteve a projeção de que a Selic encerrará este ano a 7,25% após o Banco Central reduzir a taxa básica de juros pela nona vez seguida na semana passada.

A projeção para a produção industrial também se deteriorou no Focus nesta semana. A mediana agora projeta queda de 1,78% nessa atividade em 2012, ante contração de 1,55% prevista na semana passada. É a décima quarta revisão consecutiva para baixo. Para 2013, os analistas continuam a projetar expansão de 4,5%.

Na sexta-feira, o IBGE informou que a indústria teve contração de 2,5%, no segundo trimestre, ante o primeiro, e de 2,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

*Com informações da Reuters

domingo, 2 de setembro de 2012


Após PIB fraco, analistas baixam projeções para 2012

Com o crescimento do PIB no segundo trimestre de apenas 0,4%, já tem analista prevendo expansão de 1,3% em 2012

Fernando Dantas e Fernando Nakagawa, da 

Germano Luders/EXAME
indústria
Setor industrial teve um dos piores desempenhos no segundo trimestre do ano. Previsões para 2012 começam a baixar
Rio de Janeiro - O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro voltou a decepcionar no segundo trimestre deste ano, crescendo somente 0,4% (1,6% em termos anualizados), comparado ao trimestre anterior, na série livre de influências sazonais. O resultado, que ocorreu mesmo com forte redução dos juros e diversas medidas tributárias e creditícias de estímulo adotadas desde o segundo semestre do ano passado, consolida o pessimismo em relação ao crescimento em 2012, levando a projeções de 1,5% no ano ou até menos.
Os dados do PIB do segundo trimestre foram divulgados nesta sexta-feira, no Rio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Foi o que se previa, um desempenho ruim, e o segundo semestre não parece nada tranquilo, dadas as sinalizações de julho e agosto", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados. Ele reviu a projeção do ano de 1,5% para 1,3%, e prevê crescimento da apenas 3% em 2013.
Na ponta mais otimista, há análises como a do departamento de pesquisa de mercados emergentes do banco inglês Barclays, para o qual "o pior da atividade já ficou para trás e a recuperação já está começando a emergir no Brasil". O relatório cita a queda de estoques de veículos como fator positivo para o terceiro trimestre.
Em relação ao mesmo período de 2011, a expansão no segundo trimestre foi de apenas 0,5%, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2009, em plena crise global.
Recuos na indústria, nos investimentos e nas exportações foram os principais responsáveis pelo mau resultado do PIB no segundo trimestre. Essa retração foi contrabalançada pelo ritmo apenas moderado de crescimento dos serviços e do consumo das famílias, insuficiente para produzir um resultado mais animador do PIB total no segundo trimestre.
O único bom desempenho ficou por conta da agropecuária, que cresceu 4,9% (21% anualizado) no segundo trimestre, na comparação com o primeiro, livre de influências sazonais. O setor foi puxado pelo crescimento das safras de milho, café e algodão. Porém, representando apenas 5,5% do PIB, a agropecuária não fez forte diferença no resultado total.
Mesmo com o fraco desempenho, o PIB de abril a junho registrou melhora em relação aos três trimestres anteriores, período em que a economia ficou parada, com taxas de respectivamente 0,2% negativo, 0,1% e 0,1% do terceiro trimestre de 2011 ao primeiro de 2012 (na comparação dessazonalizada com os trimestres anteriores). Nos quatro trimestres até o fim de junho, o PIB brasileiro cresceu apenas 1,2%.
A indústria teve um recuo de 2,5% no segundo trimestre, ante o primeiro, na série sem influências sazonais. No mesmo critério, a indústria de transformação também recuou 2,5%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.